Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

HISTÓRIA INÚTIL


Isaura acordou. Não abriu logo os olhos, como todos fazemos. Ela inspirou o ar profundamente, lentamente, sentindo-o preencher seus pulmões. Pôde apreciar seu corpo afundando no colchão d’água. Esticou braços, pernas e deu uma gostosa espreguiçada. Ouve um estalo. Em seguida pôs as mãos na cintura, e bem devagar se sentou, sem abrir os olhos. Nova inspirada. Abriu os olhos.
Um pouco a frente viu, um lindo bebê loiro, claro como a neve... "Ontem eu era assim" - Pensou. Ao lado, havia um relógio, e este mostrava que já eram sete horas. Hora de ir, ela se levantou.
A primeira coisa que sempre fazia, quando se erguia, era se ajoelhar para em oração agradecer a Deus por mais um dia de vida, esse costume, parece que teve desde criança... talvez, quem sabe, quando no dia do seu nascimento o obstetra a puxou, ela também rezou... Afinal de contas a fé não ocorre por acaso, nosso Deus nos acompanha desde cedo... Era isso que ela sempre dizia quando seus muitos amigos e amigos a procuravam para que ela, com seu sorriso e carinho aliviar a dor da alma... Acaba a oração, levantou-se, fez a cama, tomou banho, vestiu-se e foi para cozinha. Sua mãe já estava acordada.
- Bom dia mãezinha!
- Oi filhinha.
- Eu te amo minha mãe.
Deu um abraço caloroso, na mãe que acabava de fritar o ovo do jeitinho que gostava  ( mal passado ).
- Eu também filhinha.
- E eu?
- O senhor também pai.
Seu pai comia pão com manteiga, não gostava de comer muito no início do dia... o coitado quase engasgou com o abraço da filha. Lourdyane, sua irmãzinha estava aprendendo a caminhar... e também ganhava um beijo e um abraço antes de Isaura sair.
Embora tivesse carro, ela só dirigia quando ia para lugares muito longínquos, ou quando ia a Universidade. Mas para ir a praia que ficava a cinco quilômetros da sua casa, fazia questão de ir a pé. Era ótimo, no caminho, ela conversava com Marciano, o síndico, perguntava se Juquinha melhorou da tosse... sobre a esposa, Dona Lídia. Pagava um lanche para o Zezinho sapateiro. Conversava com seu Manoel, o lixeiro, ele era muito engraçado. Tinha muitas aventuras. Dona Maria, a velha "louca", também gostava dela, e ela sentia que seu sorriso era sincero e seu abraço também. O amor está além da sanidade.
Na praia, todos já a conheciam: os PMS, os vendedores de picolé, os malandros, estes sempre que a viam falavam:
- Isaurinha... se alguém mexer com a senhora é só dizer.Ela era feliz. Afinal de contas, ela tinha motivo para não ser? Para onde quer que ia, todos a cumprimentavam e sorriam. A amizade é tudo.
Ela adorava mergulhar nas ondas, espinar água para tudo que é lado... e quando chovia, ela não se escondia, apenas juntava-se as crianças e dançava na chuva.
Da praia ele foi ao parque. Depois de visitar todos os animais: tigres, cobras, gambá, zebras, araras, jacarés... enfim todos os bichos, ela deitava-se na grama, e olhava as nuvens... e ficava sorrindo para si mesmo quando dizia: - aquela nuvem é uma águia, aquela parece comigo, aquela é minha casa... Quando dava cinco horas ela voltava para casa, para se preparar para ir a universidade. Inclusive, todo dia ela fazia uma nova amizade, pois, nos intervalos, quando estava nos corredores, falava com qualquer um que estivesse na sua frente. Ninguém resistia ao seu sorriso receptivo. Quando terminava a aula, ajudava a professora a levar seus livros, e quando passava pela porta da universidade oferecia carona, aos amigos e aos amigos dos amigos.
Em casa, geralmente seu pai já estava dormindo. Mas ela não dormia sem dar um beijo nos seus pais. No quarto, tomava um banho, verificava os e-mails dos seus inúmeros amigos virtuais e então ia dormir. Mas não antes de agradecer em oração por mais um dia de felicidade.Talvez, para quem gosta de histórias com nuances eróticas, muita violência, suspense e drama... essa seja uma história inútil... mas não é, sabe porque? Por que nossa personagem, a Isaura, sabe o quanto é maravilhosa a vida... ela sabe viver.


Um comentário:

  1. O que dizer desse homem talentoso e sensivel? parabéns pela iniciativa do blog e te desejo sucesso sempre,sempre esempre!
    beijossssssssssss

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"Conheça todas as teorias, domine as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." - Gustav Jung