Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ontem Vi Um Ser Humano



Adaptado do poema “O Bicho”
De Manoel Bandeira



Ontem vi um Ser Humano
Na imundicie do sistema
Catando direitos entre os direitos,
Dando murro em ponta de faca no mundo insano.

Quando achava alguma coisa,
Anunciava a imprensa e aos irmãos,
E antes que gozasse os bons frutos era preso
Porque ousou questionar porque trabalhava sem carga horária,
Porque sua carreira não tinha nível superior,
Porque era discriminado escancaradamente pelos iguais,
Porque trabalha sob um sistema arcaico,
Porque tinha sua mais valia terceirizada pelos que deveriam garantir sua honra, sua dignidade, e era tratado como bicho.
Porque trabalhava sob a égide de um vergonhoso regime de exceção
Em pleno século XXI, num Estado Democrático de Direito.


Quando achava algum direito disponível,
Não examinava nem interpretava,
Engolia com voracidade promessas e comissões engabeladoras.

O "Ser" não era um cão.
Não era um gato,
Não era um rato…

O "Ser", meu Deus era um homem,
Um Ser Humano…
Era um trabalhador.




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Comentário:

Sempre gostei do poema “O Bicho” de Manoel Bandeira. E aqui ÍCARO Teinassis se manifestou fazendo uma livre adaptação daquele magnífico e histórico poema.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Soneto Xadrez





A vida é como jogo de Xadrez
Repleto de problemas pra resolver
Em segundos, horas, dias... mês a mês,
Com um só objetivo: fazer aprender!

Tal jogo é bálsamo... doce embriaguês.
É terapia que te faz se conhecer!
É o que te faz sábio, nobre Cortez.
É o que nunca deixa a mente envelhecer!

Como peão você sempre vá pra frente,
E como cavalo, pule avaria.
Como bispo medite... limpe a mente!

Como torre, ande reto... sem fobia!
Como rainha avance, lute consciente.
Como rei... escolha o que beneficia!



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Comentário:

Esta poesia foi escrita no dia 04 de dezembro de 2008 em homenagem ao amigo Fábio Wendel  e minha prima-irmão Danielle que mostrou a beleza deste jogo milenar, que assim como a vida, jogada após jogada sempre nos ensina uma importante lição. Com a ajuda de Deus sejamos Reis em nossas vidas!


domingo, 14 de agosto de 2011

Despertar



O sono de Alline estava ótimo, pelo menos antes das más notícias baterem a porta. Primeiro sentiu uma tristeza imensa ao descobrir o padecimento da roseira favorita em virtude do ataque de uma praga de formigas. Aquilo merecia uma providência, não deixaria sua linda flor morrer, por isso, aconselhada pela vizinha que era prima da namorada do moço que tinha uma rosa que teve um problema parecido, foi ao mercado comprar um formicida.
Cautelosa, perguntou a vendedora se aquela substância poderia de alguma forma afetar a saúde da amada planta. E esta, assegurou que não. Deu absoluta certeza quanto ao caráter inofensivo.
Com o veneno nas mãos, assim que chegou em casa administrou o veneno. A rosa, que estava triste, murcha, secou mais ainda e morreu.
Alline estranhou. Curiosa e sentindo um nó na garganta, pegou o frasco da substância e leu no rótulo um aviso: “NÃO ACONSELHÁVEL PARA ROSEIRAS”. Após a leitura vieram suspiros, uma, duas, três gotas de lágrimas, e por fim, um berreiro que acordou a irmã Vanessa do seu paradisíaco sono.
Como se não bastasse, quando a filha caçula de Alline correu para confortar a mãe assim que ouviu o berreiro, percebeu uma lagartixa imóvel ao lado do frasco do formicida, e ao cutucar a graciosa bichinha, viu que se tratava de um ex ser vivo, e também berrou: “A SENHORA MATOU MINHA LAGARTIXA!”. Acompanhando a mãe na sinfonia do choro.
Vencida pelo barulho que ecoava na casa, Vanessa largou o sono e levantou da cama.




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Comentário:

Há alguns anos atrás, coisa de década, ouvi uma senhora falar para minha mãe que a filhinha que à época contava pouco mais de quatro anos, tinha feito um escândalo, chorando por horas, depois de encontrar uma lagartixa morta. Aquilo me comoveu. O amor que as crianças têm pela natureza e todos os seus filhos é fascinante. Como seria bom se a maioria de nós não perdesse isso com o passar dos anos. Esta crônica foi escrita em homenagem a todas as crianças que guardamos em nosso íntimo.




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

De Médico e Louco Todo Mundo Tem Um Pouco


 Dizem que de poeta, cientista e louco todo mundo tem um pouco.
 Há controvérsias... Pelo menos em se tratando de poetas, pois a pessoa não nasce escrevendo sonetos, poesias...
Antes da criança se tornar poeta ela vai aprender a ler e com a ajuda de músicas infantis vai começar a avaliar as letras, estudar as rimas ou, em alguns casos, colecionar traumas, para só então despertar o “eu poético”.
 Lembra-se, por exemplo, da música que ouvia quando criança? Aquela: “Dorme Nenê[1] que a Cuca vem pegar (Quer dizer... Se dormisse estava lascado... Ferrado!) Papai foi pra roça, mamãe foi trabalhar. (Eles sabiam que a Cuca vinha... E um foi pra roça (de noite?) e a Mamãe foi trabalhar...” (de noite? Mamãe tem vida noturna?... E queriam que a criança dormisse depois destas revelações? Como?)
E aquela? Atirei o pau no gato[2]... (Por que alguém simplesmente atiraria o pau no gato? Por nada? Porque deu vontade?) Mas o gato não morreu... (O pior é que a professorinha, do pré-primário, cantava sorrindo.) E Dona Chica?! Ela admirou-se com o berro que o gato deu: Miaaauuu!... (Era uma tortura cantada!) E os escravos de Jô? Jogavam Caxangá? Que diabo é Caxangá gente? E aquela sacanagem? Tira... Bota... Tira... Bota... Deixe Zé Pereira entrar? Enfim...
Depois deste afloramento musical na fase infantil, normalmente o poeta fica adormecido. E é posto pra fora em algumas circunstâncias ou através de algumas técnicas. Entre elas, quando estiver mal, deprimido, ligue para amigos e ouça conselhos.
Há algum tempo, por exemplo, enquanto vivia num inferno astral, um certo poeta ligou pra um amigo e contou seu drama: “Tô to mal... Barari, bororó... E contou sua história. Quando terminou ouviu chegando do outro lado da linha um carinhoso “Foda-se.” Chocado, o poeta resolveu ligar para outro amigo que logo sugeriu: Ligue a TV, ou rádio... Distraia a cabeça... E o poeta, de fossa às 2h da manhã, ligou o rádio. Ele sintonizou a 104.9 e estava tocando a música do filme Ghost – Unchaine Melody. Foi pra 103.1 e o que estava tocando? Paulo Ricardo... “Quando você disse nunca mais...” Quer dizer... O cara que já estava triste foi piorando. Afinal, o repertório musical das nossas rádios, durante a madrugada, é capaz de deprimir o cara que recebe a notícia de que passou em primeiro lugar no Vestibular da UFS para medicina... É impossível não ficar pra baixo. Certa feita, depois de passear por tantas estações o cidadão sintonizou um programa religioso. O Pastor tinha acabado de atender um telefone:
 “Bom dia meu amigo, minha amiga... São duas horas e 15min... Abra seu coração... O que te aflige? – Houve um silêncio – E do outro lado alguém falou com voz grossa: (parecida com a do filme “O Exorcista” - Aqui é o Cão – E o Pastor percebendo que se tratava de um trote, sem querer perder o gancho, rebateu prontamente: Ta vendo meu amigo, minha amiga ouvinte?! O cão não dorme!”.
Concluindo, se estiver deprimido... Pelo amor de Deus, não ligue o rádio!
O bom é que após essa seção de sofrimento o poeta nasce. Escreve poemas que todo mundo gosta. Escritos à sangue, suor e lágrimas. Entretanto, faz-se necessário ter cuidado com versos incompletos, pois fora do contexto podem até virar caso de polícia. Pense:
Sabe aquela música “Detalhes” que Roberto Carlos canta: “Não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida, eu vou viver...” Lindo, não é? Agora, imagine que você termina com a namorada ou namorado, e recebe somente este trecho como torpedo?
“Não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida, eu vou viver...”
É ou não é uma ameaça? É caso de BO!
Outra música que faz pensar na viagem que o poeta-compositor se encontrava ao escrever é mais ou menos assim: “Aquela nuvem que passa... Lá em cima sou eu...” e “Vou cavalgar por toda noite... Por uma estrada colorida... – Muito doido, não? O porta estava vendo tudo colorido...” Enfim.
Ao virar compositor, algumas vezes, se empolga e viaja na maionese. Há alguns exemplos curiosos desse fenômeno: A música Nega do cabelo duro[3] por exemplo: Nega do Cabelo duro, que não gosta de pentear, quando passa pela boca do túnel, o negão começa a gritar: pega ela aí... Pega ela aí... Pra quê?... Pra passar batom.
Que tal exercitar a imaginação? Vamos construir esta cena musical. “Numa bela manhã de segunda feira... A nega de cabelo duro, (porque não gosta de pentear) passa pelo túnel... - Tanto lugar pra ir, ela quis dar uma passeiozinho matinal no túnel? É tão bom aspirar toda a poluição dos autos, não é? - Eis que de repente surge um negão gritando: Pega ela aí... Pega ela aí... (E como em toda esquina, viaduto, posto de gasolina tem viatura policial...) A guarnição rende a moça e um cabo pergunta: - Pega ela pra quê? – E o rapaz responde – Pra passar batom – o sargento pergunta, já segurando a moça: Que cor? – E o moço – Cor de violeta?” – Gente... Violeta? Quem era esse cara? De alguma gangue fashion? E o recruta CTSP pergunta... Pra passar onde? E o cidadão: Na boca e na bochecha... Perceberam a urgência e a precisão? Na boca e na bochecha. Enfim.
Falando em interpretação de letras, tem uma música de Adriana Calcanhoto, que graças ao seu doce tom, ninguém percebe a sacanagem da coisa. Ao ouvir a música “Vambora” imagine uma mulher numa dessas pousadas da vida, dando uma escapulida para o amor, e antes de começar a fazer amor, começa a cantarolar: - “Entre por essa porta agora e diga que me adora. Você tem meia hora pra mudar minha vida... Vem, vambora que o que você demora...
Neste processo de formação do poeta é importante estudar alguns poemas clássicos como “OS LUSÍADAS”, mas também, não menos importante o poeta também deve estudar algumas letras de música... Entretanto, quando você se arriscar a tentar analisar a letra de algumas músicas, certamente vai se sentir burro. Porque simplesmente não é possível entendê-las. Por exemplo:
Vamos começar com Caetano – Baby – Você, precisa saber da piscina... (por quê?)... Da margarina (Por quê?), da gasolina (Por quê?)... Você precisa saber de mim... Baby, Baby... Eu sei que é assim. Ou aquela – “Atrás do trio elétrico”: - Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu (lindo... até aí tudo bem)... Quem botou pra rachar aprendeu que é do outro lado do lado de lá do lado que é do lado, de lá... – Gente, considerando na vista aérea o trio elétrico é um retângulo vamos tentar acompanhar a localização do não sei o que da música: - aprendeu que é do outro lado do lado de lá do lado que é do lado, de lá...
Vamos a outra pérola, quem canta é Netinho. (Beijo na boca): - Foi sem querer que eu beijei a sai boca, menina tão louca... Eu quero te beijar... Beijo na boca seu corpo no meu suado... Tem sabor de pecado... Com jeito de bem-me-quer... Lindo isso não? Romântico... Caliente... Até emociona a gente. Mas o problema não vem daí... O problema é o verso seguinte.  Vejam a continuidade do raciocínio... – Todo dia é festa na Bahia, e o trio irradia alegria. O farol ilumina Salvador. Todo dia é festa em Salvador... – O casal da primeira estrofe, que num clima erótico falava em beijo na boca, sumiu... Escafedeu!
Tem uma Do Chiclete, de Bell, que também é incompreensível: Durvalino Meu Rei... – “Iarará Suba esta escada... Que eu conto pra ninguém... Se vista de Pantera... Se descubra neném.
Daniela Mercury tem duas pérolas: O canto da Cidade – Mil voltas o mundo tem, mas tem um ponto final... Eu sou o primeiro que canta... Eu sou o carnaval. E aquela, Swing da Cor:  Vem pro Swing da cor... Relaxar o calor e quem sabe me amarrar. Vem, o teu sorriso é pequeno no teu beijo tem veneno... Está querendo me apaixonar... - Até aí tudo lindo, agora vem a melhor parte – Te curupaco Kioiô... Eu sou Muzenza Iarauê... Aia ulêlêlê lêlê aia lêlê aia Com o Muzenza eu vou há, há, há, há...
Agora, quem é mestre é mestre. Vamos nos atrever a estudar uma música de Carlinhos Brown: - Se eu amar, você amar, não vai faltar amor.  Se eu amar, você amar, a gente faz o show. Tô piano copiando os teus passos.  Cigano tô no mimo agitando  do teu lado vibrando.  Pra quê zum zum zum? Pra quê? zum zum zum Zum zum zum pra quê? Zum zum zum? Pra quê? Zum zum zum pra quê? zum zum  Não censure a minha farra!  Deixe o desejo roubar.  Quem pesca com linha e vara não precisa de alvará.  Lalá meu camarada  Evoé a batucada. Cantando a luz ê. Cantando a luz ê. Cantando a luz ê. Cantando a luz.  Já nasceu, vai nascer.  Vai nascer já nasceu. Zum zum zum pra quê?  Zum zum zum pra quê?  Zum zum zum pra quê zum zum?

Viu? Não há dúvidas, de cientista e louco todo mundo pode ter um pouco, mas em se tratando de poetas e compositores, definitivamente isso não se aplica.






[1] Inspirado em trecho de monólogo de Danilo Gentile
[2] Inspirado em trecho de monólogo de Rafinha Bastos
[3] Adaptado do monólogo de Caruso sobre a música Nega do cabelo duro.



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Soneto Um Dia



Um dia vou sair pela rua sem destino
Levando no peito tranqüilidade,
Vou parar pra ouvir bêbedo... Menino.
Sem medo, vou oferecer amizade.


Neste dia serei feliz peregrino
Por não ver choro, doença... Maldade.
Só verei criança em local de ensino
E pessoas cheias de solidariedade.

Um dia tudo será feito por amor,
Pra evoluir, ser feliz... Pra harmonizar.
Um dia multiplicaremos o humor,

E qualquer coisa dita... Vão acreditar!
Um dia... Qualquer hora será pra sonhar,
E qualquer pessoa será anjo protetor!





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Comentário:

Esta poesia foi escrita no dia 09 de dezembro de 2008. Não sei se tratou-se de um lamento ou prece de um simples sonhador. Como seria bom se as pessoas fossem mais solidárias, cuidasse do próximo. Ou apenas não invadisse o espaço e os direitos dos outros. Infelizmente algumas pessoas não levam mais Deus no coração, mas tenho fé de que um dia isso vai mudar.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Soneto Viva a Vida



Viva a vida! Viva a manhã que nasce!
Viva a quem for realmente romântico!
Viva ao sabor do alívio... A dor que parte!
Viva ao suor da enxada, do maçarico!

Viva ao que gerar sua felicidade!
Viva a todo santo dia... Pacífico.
Viva a quem sempre falará a verdade,
E sem nada no bolso é muito rico.

Viva a quem tem câncer com esperança!
Viva ao cego que sempre acha o caminho.
Viva a quem chama seu par e vai a dança,

Viva a linda flor repleta de espinho!
Viva a festa popular... A chegança!
Viva a vida que roda como moinho!


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Comentário:

Esta poesia foi escrita no dia 26 de novembro de 1998 às 9h28min. Tinha acabado de acordar e estava muito feliz, em estado de celebração da alegria de simplesmente estar vivo. Devemos celebrar nossa existência a cada segundo, por mais que tenhamos obstáculos e desafios difíceis de transpor, pois a vida é um presente de Deus.



sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Soneto Pessoas São Livros



As pessoas são livros lidos com amor.
Pessoas são livros que dão sabedoria.
São livros que te ajudam a se recompor...
E quando menos espera, dão alegria.


Pessoas são livros sem preço... Com valor!
Pessoas são livros que dão filosofia,
E dia após dia, te faz feliz... Vencedor!
As pessoas são livros que nos dão poesia.


As pessoas são livros que te dão escudo.
Pessoas: livros que deixa persistente
Quem não tem esperança... Quem é miúdo.


Pessoas: livros que mudam nosso ambiente...
Livros que nos capacitam pra tudo!
Livros, pessoas... Tudo resplandecente!




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Comentário:

Este soneto foi escrito no dia 03 de Dezembro de 2008 às 22h00min, lembro-me que a idéia veio à partir da vontade de homenagear as pessoas maravilhosas que aparecem em nossa vida como parente, como amigo, como namorada, ou até pessoas que encontramos sazonalmente na rua e que mesmo assim, nos dão uma parcela significativa de aprendizagem. Como dizia o filósofo “Martin Buber”, toda pessoa, por mínimo que seja, sempre tem algo a nos ensinar. Concordo plenamente. Adoro pessoas.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Soneto da Palavra



Palavra não é só som articulado...
É mais que oração: idéia pronunciada.
É pavio de emoções ao apaixonado
E arma letal a pessoa malvada.

Há quem use para te deixar magoado,
Te iludir, torturar... Dar-te ferroada.
A palavra é navalha, é machado
Que atinge a mente sensibilizada.

Tenha cuidado com o que se fala:
A palavra te dá choque... Dá arrepio,
Enlouquece, te faz sofrer... Te cala.

“Palavra” em outras palavras; é rio
De sentimentos que lava sua alma
E te ajuda a vencer qualquer desafio.




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Comentário:

Esta poesia foi escrita em 14 de dezembro de 2008, num dos períodos mais produtivos da minha carreira literária, perdendo apenas para o nostálgico período poético da adolescência em que produzia de forma muito mais intensa e compulsiva do que hoje, pois tinha fome de mudar o mundo. Rsrsrsrs Este soneto quis homenagear todos os operários das letras: jornalistas, advogados, juízes, poetas, dramaturgos, escritores sazonais que escrevem cartas de amor, etc.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Frenesi



Como Al2(SO4)3,[1]
Precipitaste minhas impurezas,
Dissociaste meu ser.

Procurei…
Meu cátion encontrou teu ânion.
Nos juntamos,
Fizemo-nos mistura homogênea!

E num frenesi insaturado.
Sublimei-me[2] por inteiro,
E permaneci aéreo,
Como se estivesse sob efeito
Do hidrocarboneto
H3C - CH3.

Eu era desequilibrado,
Mostrate-me
A hibridação[3],
Fiquei apaixonado,
Fez-se a estabilização.

Pobre menina,
Derramaste sobre mim
Lágrimas de fenolftaleína[4],
Mostrate-me que eu era ácido.

Nosso amor não tem futuro,
Nossa união
Causaria uma corrosão…
Não quero ver seu túmulo!

No auge de uma interação intermolecular
Encontro a liquefação[5]
E vivo com a minha solidão
De substância simples[6].


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Comentário:

Esta poesia foi escrita em 1998 durante uma aula de matemática. rsrsrsrs Também foi feita sobre influência direta de Mário de Andrade que afirmou: “o verdadeiro artista dá por paus e por pedras, labuta, sem medo de experimentar...” Sem medo de experimentar e da Música “Faroeste Caboclo”, que roteirizava uma história em música, nesses casos quis usar a linguagem poética misturada com conhecimentos químicos e ao mesmo tempo contar uma história de amor. Esse foi o primeiro poema escrito em linguagem química, à partir dele escrevi o livro “Química Poética” que foi apresentado num congresso nacional de química daquele mesmo ano. Aproveito a oportunidade para agradecer a todos os quimiquíssimos amigos que apoiaram o projeto.


[1] Para remover partículas em suspensão na água, adiciona-se Al2(SO4)3 para produzir precipitação.
[2] Passagem de estado sólido para o gasoso.
[3] Mistura de orbitais visando a estabilidade eletrônica.
[4] Indicador de acidez, em meio ácido permanece incolor.
[5] Passagem do estado gasoso para o liquido.
[6] Formada por um único elemento químico.