Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

PAR-CE-LADO...






Estou farto do vocábulo parcelado!
Do discurso teatralizado,
Do número estatísticamente alado ser anexado ao prolixo papo-furado
E de ver o papel timbrado em questão de horas decretar o direito de greve ilegalizado!

Estou farto de ver o direito de pagamento até o 5º dia útil ser amputado.

Abaixo o Ser abnegado, adestrado, dedicado,
Que em troca é pressurizado, humilhado e açoitado pelo Bem Amado.
Abaixo o grito silenciado, sufocado, abreviado, aniquilado
Que é aboiado por qualquer sofista/oportunista desacretidado.

Estou farto de ver o mesmo peso com duas medidas ser pesado.
Materializado.
Fundamentado.
Trabalhado.
De todo ato blindado em subterfúgio impresso e televisionado.

Estou farto de sentir-me desmotivado, desmoralizado, desamparado, desrespeitado!
Será que, um pau-mandado, qualquer um, não sabe o caminho do tesouro sonegado?
Seria ao menos possível ter a esperança de um “Habeas-Greve” positivado?

Quero um lugar legalizado, impessoalizado, moralizado, publicizado e eficientizado.
Onde parcelado não rima com revoltado,
parcelado não rima com endividado,
parcelado não rima com lesado,
onde parcelado não rima com enojado!

Acima de tudo, não quero saber do vocábulo conformado,
Tampouco do protesto superficial, oco, virtualizado.

By Teinassis



Sempre gostei do poema “Poética” de Manoel Bandeira. E aqui Teinassis se manifestou fazendo uma livre adaptação daquele magnífico e histórico poema.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Jardim-Varal dos Desabrigados



Não vire o rosto,
Não aumente o volume do rádio,
Não esbraveje seu desgosto
Não seja mais um soberano acádio.

Além, muito além dos limites internos do seu BMW X6 existe vida inteligente.
Há também o choro da criança desmamando na faixa de pedestre,
Embora, comparado ao tilintar da sua Fissler Diamond, seja menos estridente.
Acredite! Não muito longe do seu condomínio, há vida terrestre.

Veja... Veja a vida por trás do jardim-varal dos desabrigados.
Veja a esperança nos gestos do artista do semáforo.
Veja a sustentabilidade no dia a dia dos favelados.
Veja humanidade em quem não é inodoro.

Abandone o cabo de guerra social, ninguém ganha...  A corda parte!
Abandone as cartas marcadas, e converse sem maquiagem.
Abandone seu egoísmo e socialize o que seria descarte.
Abandone seus pré-conceitos e assimile a seguinte imagem:

Artista famoso: Ser humano.
Mendigo: Ser humano.
Desembargador: Ser humano.
Presidente: Ser humano.

E como todo Ser humano,
São todos humanos.



por Anderson Sant’ Anna Teinassis