Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Insensato Diálogo


Ontem, dia 29 de Junho de 2011, foi um dia para se lembrar: Foi o dia em que uma renomada empresa, a rede globo de televisão, utilizou um entretenimento de massa, a telenovela “Insensato Coração”, que vislumbra do mais concorrido horário da TV Brasileira, o cobiçado horário nobre entre os mais diversos artistas de espetáculos e diversos, principalmente no que se refere atores e autores de novelas, para de forma desrespeitosa, achincalhar duas categorias de profissionais: Os Guardas Municipais e Policiais Militares de todo nosso querido Brasil.

No capítulo 141 da novela “Insensato Coração”, um personagem que se intitula delegado, embora ache pouco provável que um delegado dissesse tais palavras, embora há pouco tempo um teve o disparate de alegar que policial militar é subordinado a delegado, mas não entremos no mérito. O delegado da ficção ao entrar na residência de uma personagem que não sei o nome, pois não acompanho a referida trama, apenas vi de relance enquanto estava na casa da minha namorada, antes não tivesse visto pra não ter ânsia de vômito... Enfim, assim que entrou na casa da personagem iniciou-se o diálogo que transcrevo abaixo:


“MULHER: - O Senhor é o responsável por essa palhaçada aqui?
DELEGADO: - Delegado Rossi... E a senhora?
MULHER: - Eu sou uma das donas dessa casa... Eu acho um absurdo eu chegar aqui tá essa bagunça, essa falta de respeito... Vocês não tem mais nada pra fazer não, hein? Com tanto mendigo na rua pra recolher, o que é que vocês fazem, hein? Só recebem propina de motorista bêbedo?
DELEGADO: - Acho que a senhora está confundindo um pouco as coisas, eu não sou guarda municipal tampouco sou policial militar. E por isso mesmo vou te dar um refresco e vou fingir que não ouvi isso que a senhorita acabou de dizer, viu?
MULHER: - Como é que é seu nome?
DELEGADO: - Rossi.
MULHER: - Eu vou te denunciar, denunciar a você e a sua corja, e acho melhor você sair...”

Trecho do Capítulo 141 da novela Insensato Coração, de Ricardo Linhares


Para ver o vídeo clique no link abaixo:

                

Como se pode ver, não é necessário ser um profundo conhecedor das a leis que regem o nosso país, para perceber que houve uma clara  e notória ofensa gratuita a duas honradas classes de trabalhadores: Os guardas municipais e policiais militares do nosso amado Brasil. Claro, não queremos levantar a bandeira de que todos são santos, que não existem corruptos e quaisquer outros profissionais de posturas desonesta e no mínimo questionável. Entretanto, é inadmissível a generalização de estereótipos que ofendam a honra do ser humano de qualquer classe trabalhadora. Afinal, só porque o jornalista Pimenta Neves matou a sua companheira todos os jornalistas são assassinos? Só porque o Juíz Lalau foi corrupto todos os juízes são corruptos? Só porque a Procuradora Vera Lúcia de São Paulo espancou uma criança todas os procuradores são violentos e espancam crianças? Só porque o ator Guilherme de Pádua assassinou a atriz Daniela Perez todos os atores do Brasil são assassinos psicopatas? Só porque o Cirurgião Plástico Jorge Farah matou e esquartejou a amante todos os cirurgiões do Brasil Fazem o mesmo? É claro que não!

Os guardas municiais e policiais militares de todo Brasil, cada um em sua respectiva competência constitucional, desempenham com louvor seu dever. São dignos. São seres humanos como qualquer outro ser humano. Que fazem milagres diante da brincadeira de fazer segurança pública dos políticos que tanto protelam a necessária PEC. Trabalham sob uma carga horária desumana, com vencimentos miseráveis a exemplo dos valorosos bombeiros do Rio de Janeiro.

É... Como escritor de pelo menos 8 peças de teatro e quatro novelas vinculadas na internet, sei que a liberdade de expressão é essencial num Estado Democrático de Direito, mas, ao analisarmos a transcrição do diálogo não é possível, sob qualquer ângulo, vislumbrar uma crítica, mas sim  uma gratuita agressão a honra de duas classes de trabalhadores, ofensa esta, que por sinal é crime, conforme artigo 139 do nosso Código Penal.

Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Acho que disse tudo que gostaria de dizer. Espero que os sindicatos dos Guardas municipais e associações das polícias militares entrem com uma ação exigindo retratação no mesmo horário e mesmo veículo e as devidas explicações em juízo.

Concluindo, sem querer entrar no mérito, é no mínimo estranho que o delegado pomposo da novela que colocou ao ar a infeliz cena, não tenha prendido a mulher por desacato (art. 331 do CP), principalmente quando a personagem chama o delegado e sua equipe de corja, assim como também não dá pra entender porque o delegado  fictício comete prevaricação (art. 319 do CP), quando diz que “vai fingir que não ouviu as ofensas da mulher”. Enfim, um festival de comportamentos estereotipados gratuitos, um desserviço. Imagine um pai de família dessas duas classes vendo a novela com seus filhos, o que a criança vai pensar do pai ao ver que a novela atribuiu tais qualificações negativas? Como escritor defendo a liberdade da expressão e a difusão das palavras, mas sempre, incondicionalmente, com total responsabilidade. Pois todos independentes de classe social e labor, somos seres humanos, e como tal, merecemos respeito!


VIOLÊNCIA


A violência
Tornou-se uma doença
Que não cicatriza...

E o pior
É que todo mundo o banaliza,
Pois é normal
Ter esta ferida aberta.

Ninguém acredita mais em remédios...
Engoliram-se os estereótipos
E num tapa,
Cuja dor ainda é sentida,
Vimos a violência sair da TV,
Das desgraças alheias...
A invadir o nosso dia-a-dia.

E o pior...
É que fingimos
Que não é conosco.

E a batida da vida continua,
E a batida dos ladrões continua,
E a batida da polícia continua,
E a batida dos nossos corações
Tenta continuar...




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Comentário:

Essa poesia foi escrita em 17/10/2003. Oito anos depois ainda não me conformei com a banalização da violência. Notícias morte, estupro, seqüestro, latrocínio em TV aberta, na hora do almoço, compartilhado entre pais e filhos. Que Deus nos ajude!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

QUANDO O AMOR APARECE...




Quando o amor aparece
Muitos fatos fazem sentido:
Suor na mão, peito que se aquece,
Frio na barriga, olhar perdido.

Quando o amor nos abraça
Aprendemos uma nova lição a cada instante,
De tudo achamos graça,
E só vimos beleza em um semblante.

Quando o amor nos fala
Passamos a ouvir o som da vida,
E nada no mundo nos abala
A não ser a dor da partida.

Quando o amor nos afaga,
Saudade é ferida aberta,
É chama que não se apaga,
Alma sente-se completa.

Quando o amor nos respira
Entendemos agonia materna,
Mente que pira,
E o mito da caverna.

Quando o amor nos inflama
Damo-nos conta que a alma
Já nasce sabendo a quem ama.



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Comentário:

Essa poesia foi escrita em 21/01/2008 às 8h19min. Quantas vezes não vimos filmes, novelas, poema ou músicas que falam sobre o amor existente entre as almas gêmeas? A idéia dessa poesia veio justamente à partir de um filme do qual no momento não me recordo. Neste, um dos personagens falou sobre uma lenda judaica em que antes de vir ao mundo cada alma é partida ao meio. E por isso, uma vez encarnado, passará toda a existência em busca da outra metade, ou seja, a amada, fruto do amor verdadeiro, puro, incondicional, que só existem entre as almas gêmeas. Lembro que aquele diálogo me tocou e este poema praticamente nasceu pronto.