Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Dia dos Namorados







Dia dos namorados
Não é só dia dos namorados...

É da moça bonita que suspira
E aspira amor puro, abençoado por Deus.
É de todo aquele que espera a carta de amor
Navegante de mares nunca imaginados.

É do pescador que ama desesperadamente o mar
Que lança gritos entalados que afogam sereias,
E filosofa com os sapos que cospem o fogo do remorso.
Que se esbalda com os sonhos enlatados que cortam suas veias,
Que ama, muito, incondicionalmente,
Porque seu amor foi forjado, lapidado, polido por Deus.

Dia dos namorados
Não é só dia dos namorados!

É de todos aqueles que acreditam que o Senhor Tempo
Não é apenas médico ou farmacêutico,
É, sobretudo, um cativante oftalmologista,
Que nos possibilita enxergar a beleza tridimensional do que foi, é,
E sempre será bonito aos olhos do coração.

É daquele que após dois anos e quatro meses de puro amor,
Verdadeiro, companheiro, perfeito,
Nasce renovado a cada dia, com um desejo de dizer: TE AMO!

Dia dos namorados
Não é só dia dos namorados...

É principalmente, daquele que ama a pessoa amada hoje
E amanhã amará muito mais.
É daquele que ama na saúde,
E que na velhice e na doença, amará cem vezes mais.
É daquele que tem fé e acredita no amor,
E que as dificuldades fortalecem os casais,
E por isso sempre estará disposto a passar por tudo
Para ficar ao lado da pessoa que ama.

Dia dos namorados
Não é só dia dos namorados.



By Anderson Sant’ Anna




domingo, 9 de junho de 2013

O Vidente





Ele nasceu num dia especial: um dia qualquer. Se não fosse por um único detalhe, ele seria mais uma criança comum que vem para nosso querido PlanetaTerra/HemisférioSul/AméricaLatina/Brasil/Nordeste/Sergipe/Aracaju/ Bugio. O que o tornava especial e que justifica escrever sobre ele, é que este incrível personagem, nasceu sabendo tudo sobre sua vida. E quando digo tudo, é tudo mesmo! Sabia desde quem seria a sua primeira namorada até a circunstância da sua morte (aos 90 anos, vítima de uma bala perdida).

Até certo ponto da sua vida aquilo foi divertido, pois ele nunca disse nada a ninguém, nem a mãe. Era interessante ver o desespero de todos sem saber o que fazer da vida. Claro que aos nove anos ele ainda não tinha tais preocupações, mas ele via o alvoroço dos coleguinhas em saber que parte do assunto cairia na prova, coisa que ele sabia sempre, bastava olhar para o livro e sua vidência o auxiliava. 

Houve um instante em sua vida sem maiores surpresas que ele quis ganhar algum dinheiro com seu dom, mas não podia, pois não funcionava. Ele soube disso quando deu um palpite para sua namorada, que ela poderia chegar duas horas da manhã bêbada em casa que não iria levar bronca. Esse foi o motivo do término, do namoro. Mas ele sabia previamente disso. Seria uma curiosidade mórbida? Não. Ele apenas sabia. Era algo inevitável. Às vezes ele até tentava não fazer algo que sabia que iria acontecer, mas não adiantava, numa distração, fazia. Ele era a prova viva de que ninguém pode com o destino.

Os anos vieram com as rugas, e Gaspar (era seu nome) chegou aos vinte e dois anos tendo uma vida chata. Imagine chegar até essa idade sabendo de tudo? Contando vinte e dois aquilo não era mais divertido, ele sentia uma imensa inveja dos amigos que roíam as unhas nervosos para saber se conseguiriam passar num concurso, ou se poderiam realizar um projeto. Em resumo, ele sentia falta de um sentimento: Surpresa.

E o pior não era isso! Para Gaspar, o pior era saber que só morreria aos noventa anos vítima de uma bala perdida. Pois é, ainda havia sessenta e oito anos de vida enfadonha pela frente. Pensando nisso, acabou caindo em depressão.

Os amigos não entenderam seu isolamento. Quem poderia entender o fato de um cara tão popular, que nunca teve quaisquer problemas com mulheres ou emprego, cair assim, em depressão profunda? Mas o que eles não entenderam mesmo foi o tiro fatal, que ele deu na própria cabeça.
Isto ninguém previu. Nem o vidente.



By Anderson Sant’ Anna Teinassis