Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A gente nasce...



A gente nasce, cresce... vai a escola.
Ouvimos mamãe, papai, vovó e suas teorias de como as coisas eram.
E não damos muita bola.
E seguimos os mesmos ou piores erros, que um dia eles quiseram.

Lembro-me do impacto do poema de Mário Quintana.
Lembro-me do impacto do Super Mário Brother.
Lembro-me de Macunaíma de Mário de Andrade.
Lembro-me...

Uma vez alguém disse que o "Homem" é feito de lembranças...
É... talvez ele soubesse o que estava dizendo.
E com tanto desejo, tanto sonho de criança
não percebeu que estava crescendo.

O tempo não perdoa: segue adiante.
E querendo ou não querendo a gente cresce.
E logo o amigo de infância não reconhece teu semblante.
E com química ou sem química, você envelhece.

Envelhecer e morrer.
A maior justiça divina é conjugar estes verbos
na primeira, segunda e terceira pessoa do plural, por séculos!
Tic-Tac. Envelhecer-Morrer.

A gente nasce, cresce... vai a escola.
A menina da carteira da frente, hoje é gerente de fábrica de cerveja.
O tímido do meu lado esquerdo, hoje é engenheiro da Coca-Cola.
O indisciplinado, expulso tantas vezes, hoje é rico, dono de igreja.

Aos 14 a gente pensa que pode mudar o mundo.
Aos 17 a gente pensa que pode entender o mundo.
Aos 20 a gente pensa que pode contribuir para o mundo.
Aos 27 a gente quer esquecer o mundo.
Aos 40 a gente quer que o mundo nos esqueça.
Aos 62 o mundo nos esquece.

Entre nascer, crescer, e ir a escola
em algum momento a gente morre.
E quando a morte nos assola
aquele que bebia e ia contigo aos pré-caju da vida
comparece ao seu enterro, acende vela e chora,
e mais ainda na missa de sétimo dia.

Nos meses seguintes, você vira assunto de mesa de bar:
- “Fulano animava tudo com sua alma de artista.”
E se a cachaça for da boa e fizer efeito, alguns vão lembrar
de cenas em que você foi coadjuvante ou protagonista.

Mas depois de um ano.
Durante a missa só se vê a família,
e fica bem claro que para os amigos de farra, de festa, de bebida,
você virou um nome. Um nome antecedido de "finado".
Depois de um ano...


Mas fora a família,
mais precisamente mãe, pai, irmão.
Pra uma pessoa você não morre.
Pra uma pessoa você nunca perdeu a pulsação.

Pra uma pessoa...
parece que foi ontem que vocês se conheceram,
que trocaram o primeiro olhar,
que foram apresentados e ficaram à toa,
que pouco a pouco defeitos e qualidades apareceram.

Pra essa pessoa,
parece que foi ontem que a primeira mensagem no orkut foi trocada,
que a primeira ligação telefônica foi feita,
que a primeira visita ao Caribe foi realizada,
que o primeiro buquê foi enviado,
que "EU TE AMO" foi dito de forma tão improvisada.

A gente nasce, cresce... vai a escola.
E é na vida que encontramos essa pessoa,
que faz a nossa existência ter um sentido.
E nos dá a lógica de que qualquer coisa, fora o amor dessa pessoa
é pura e simples esmola.

É coisa que não se explica,
É coisa que se sente,
Seja macho ou fêmea,
Não se fabrica.
É coisa de um só tipo de gente:
É coisa de alma gêmea.

A gente nasce, cresce...
ama, ama, ama, ama
quando anoitece e amanhece,
e nasce todos os dias.


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"Conheça todas as teorias, domine as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." - Gustav Jung