Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

DANÇA DO VENTRE


Conversamos, bebemos e conversamos. Após algumas horas o diálogo já transcorria sem palavras. Levantei, ela também. Não precisamos dizer nada, sabíamos o que viriam a seguir. Depois da bebida ainda éramos adultos. Pedi a conta, chamei o táxi.
No automóvel não falamos nada. Enquanto eu me refugiava fusco-fusco, ela homogeneizava toda a porção da bebida que trouxera do restaurante: Fui contra, mas segundo ela, nada na vida tinha graça se não fosse terminado. Quem eu era pra discutir alguma coisa, e de porre? Eu só pensava na desculpa que iria dar… se não a patroa, para o patrão quando chegasse atrasado no dia seguinte. Chegamos. O dinheiro que eu tinha guardado para comprar um remédio dei ao taxista, claro que não foi todo, mas também me refiro ao gasto do motel. Definitivamente a farra mata o homem.
No quarto ela foi espetacular, fez um trailer de sensualidade excepcional: De Marilyn a Tiazinha.
Saciados, ela quis conversar, pediu-me para começar, mas eu não tinha o que dizer. Foi a deixa para ela falar sobre o que tinha acontecido durante o dia, precisamente, antes de nos encontrarmos eventualmente no sinal. Entusiasmada, como certamente toda estudante de medicina era no primeiro período, relatou uma aula inesquecível: Uma cirurgia no intestino grosso de um homem esfaqueado. Relatou tudo, a reação alérgica ao anestésico, a procura pelo corte, a frieza do médico quando decidiu retirar o órgão para analisar melhor, a retirada, a limpeza, a costura, o espanto que teve quando viu que intestino acomodou-se sozinho… "impressionante", "maravilhoso"…  TRIN - a narração foi interrompida pelo entregador de pizza. Ela recebeu e pagou, de camisola, o rapazinho, coitado, passou o troco trêmulo, com os olhos grudados num dos pequeninos seios que o saudaram pulando pra fora.
Apesar da pizza ter boa aparência e estar cheirando muito, não tive mais apetite, pois só pensava na cirurgia. Ela comeu tudo. Saciada, Cerise quis transar, mas não tive condições, pois só pensava na cirurgia. Não qu’ eu fosse médico ou fã do gênero. É que me soou estranho  o fascínio que a moça tinha pelo intestino. Que tem de mais um intestino? Seria tara? Será que colecionava? Aquele papo fez-me sentir um zero a esquerda, um Zé ninguém, um imenso intestino. Ela fez de tudo, mas não me excitei. Engoli a força Viagra e nada. Nada no mundo me faria reagir. Até a desculpa quase elaborada pra esposa e pro patrão, perdeu-se no mar dos pensamentos. Aquilo me deixou intrigado. Ela insistiu, parecia que a pizza teve um efeito afrodisíaco. Cerise chegou até a dançar a dança da bundinha. E nada. Impaciente, me concedeu uma seção de dança do ventre. Aquela visão foi demais pra mim! Não resisti, e então… vomitei.

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"Conheça todas as teorias, domine as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." - Gustav Jung