Carente.com

<Carente> A paixão ocorre entre almas primas. O verdadeiro amor, que eu procuro desesperadamente, ocorre entre almas gêmeas. Desculpe por ser meloso. Nas horas tristes, no momento em que percebemos que não temos nossa cara metade, nosso big love, todos nós somos frágeis. Vemos a vida com outra lente, e assim vagamos nesse triste e imenso planeta em que somos vice-campeões...

<Tris> Muito interessante.

* TRIS LOVES Carente!!!

<Tris> Ainda está aí?

<Carente> Você é uma pessoa muito caridosa.

<Tris> Q bom ouvir isso.

<Tris> Acho q hoje ambos estamos carentes.

* TRIS dá uma rosa a Carente @}--’--,----

<Carente> Estou grato em saber que pelo menos minhas poucas palavras agradam alguém neste mundo. Pena que isso não ocorre no dia-a-dia, mas não se preocupe comigo, acho que um dia eu melhoro.

<Tris> P q sumiu, posso ajudá-lo?

<Carente> Ó vida cruel, madrasta de seres infelizes! Por que vice? POR QUÊ???????

<Tris> Tá arrasado por causa do Brasil?? Nem acredito, pensei q eu estivesse triste.

<Carente> Não bastasse ser vice, perder de 3 a 0, e pra  França? É deprimente... Mas estou melhor, só pelo fato de poder conversar contigo, já me considero o mais afortunado dos pobres maiores injustamente vices-campeões mundiais.

<Tris> Pôxa, cê tá me deixando com o coração na mão, gostaria muito de poder ajudá-lo. Deixe??!! Please!!

<Carente> Não, principalmente porque ninguém olha para mim duas vezes. Na fila da beleza, eu cheguei por último, e todos da distribuidora já estavam em greve por tempo indeterminado.

<Tris> Pensei q tivesse me abandonado.

<Carente> Jamais abandonaria aquela que percebeu que eu existo. Obrigado, as portas do Éden se abrirão para você.

<Tris> Beleza externa então, eu procurava a beleza interna e cabei de encontrá-la em vc. Parabéns!

<Carente> Você é que possui uma beleza interior imensurável e tridimensional.

<Tris> Qual a sua idade? Cê tem e-mail?, gostaria muito de continuar me correspondendo contigo.

<Carente> É triste saber que se você visse esse pobre e raquítico de amor sincero não me dirigiria essas palavras, se quer olharia para minha pálida figura mais do que uma vez.

<Carente> Você traz vida a esta alma enevoada.

<Carente> Além de zero a esquerda, sou covarde.

<Tris> Q isso, nem acredito.

<Tris> Meu nome é Françoise.

<Carente> Seu nome é lindo, como o orvalho dos primeiros minutos da manhã.

<Carente> Onde mora?

<Carente> Mais uma vez, quero que não se preocupe, pois tua presença me trouxe um sentimento de regozijamento súbito e inesperado. Antes de falar com você, eu era mais inerte que esse computador que possibilita nosso encontro celestial.

<Tris> Ainda está aí?

<Tris> Qual é a sua idade>

<Carente> 19a anos de existência inútil, até o momento em que você apareceu.

<Tris> Como fico mais tranqüila, tenho 22 anos.

<Carente> Pessoas como você são raras no dias em que quase todos são máquinas, é um privilégio, um acontecimento, sem dúvida alguma inesquecível.

<Tris> Muito obrigada! :o)

* TRIS LOVES Carente!!!

<Carente> Você é como a lua que inspira nos mortais os mais nobres sentimentos.

<Carente> O que você gosta de fazer, além de salvar vidas perdidas na escuridão?

<Tris> Toda essa sua tristeza é, realmente, por causa do Brasil??

<Carente> Mas foi 3 a zero... Da França... Não há espaço no mundo para os vices.

<Tris> Saiu da sala...

<Carente> Tudo bem, já estou acostumado com o silêncio.

 

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Comentário:

Este foi um dos poucos textos escrito à quatro mãos ao longo da minha carreira de escritor. O melhor de tudo é que foi casual. Numa aula de introdução à informática, lógica ou algo parecido, não lembro ao certo, fiz dupla com meu grande amigo Gabriel Dinelli, e num determinado momento em que estávamos ociosos entramos no finado MIRC, pra quem não sabe, um dos pioneiros programas de conversação, e improvisamos um diálogo com uma desconhecida, usando a premissa de alguém que estava deprimido com a derrota do Brasil no final da Copa de 1998. Foi uma escrita muito divertida.