Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Conversa com Deus - 1992



Era tarde,
na verdade quase noite.
Foi quando vi,
admirei...
quando lhe conheci,
me sentei... Nada na mente,
somente tristezas,
levantei a cabeça
olhei o céu,
observei.

Foi quando acreditei,
me deslumbrei
com o carisma doce
que envolveu meu corpo,
era como a doçura do mel,
a pureza da natureza.

Naquele momento
a tristeza que me sufoca some,
tudo me encanta,
engana o sentido da razão.

Que ilusão,
é tudo besteira,
- penso rapidamente.
Uma luz...

Surge a clarear
e esta humildemente se pôs a falar:

- Tudo que estás
a enxergar
é fruto da imensidão do amor,
da saudade do ausente...

Sou aquele que está ao teu lado.
Neste momento me calo
e este me diz:

- Sou o teu senhor,
aquele que não gosta da dor,
do desamor,
da falsidade,
da traição,
da desonestidade,
da desunião.

Sempre estou a observar,
vejo quando erras!
Quando tropeças nos teus atos.
Gosto do amor
que tens pela vida.

- Senhor estou preocupado,
não tenho nada,
quero ser amado,
não enganado!

Não quero estar perdido,
sem rumo,
quero me encontrar,
não sei o que devo mostrar a ti,
nada sei fazer,
muito tenho a dizer,
quero terminar a minha missão.

Dizer que te amo,
que tenho fé,
não serão apenas
palavras ditas,
sei que acreditas
que com isto não brinco.

Sempre pedindo
o que ninguém tem,
tento melhorar,
quero me encontrar
não sei como,
talvez nos sentimentos
sinceros do meu coração.

Senhor,
o teu servo
não tem religião,
não me considero um ateu,
em ti creio!

Minha fé está contida
nas tuas proezas infinitas.
na tua imensa sabedoria...

Sou um ninguém,
sou o chão a ser pisado,
brinquedo a ser quebrado,
a água a ser poluída,
o tecido a ser rasgado,
a amiga a ser traída,
o bebê a ser abortado.

De ti só quero o perdão,
por ter nascido,
crescido,
ter aprendido demais,
de ter vivido até este momento escondido...
preso.

Conheço o gosto da morte,
o prazer da dor,
talvez não se importe
pois sou apenas um sofredor.

Entrei numa estrada sem rumo,
caminho que não há fim...
Agora estou indo
e a todos somente peço:

"QUE SE LEMBREM UM POUCO DE MIM”.

- Sou o teu criador,
sei que tens muita dor.
Agora esqueça de tudo,
pois tens fé,
humildade,
honestidade,
amor.

Por isso não tenhas raiva da vida,
encontraste a luz
um pouco tarde,
agora provaste
que és um bom servidor,
agora deixe a carne
e venha ao teu senhor,
filho.



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Comentário:

1992 foi o ano em que essa poesia foi escrita. Lembro-me como se fosse hoje, apesar de na época contabilizar apenas 13 primaveras de existência. Eu estava no interior do carro do meu pai, numa das inúmeras noites de insônia que tenho desde sempre. Em casa todos dormiam. Por volta das 2h00min lembro-me que sem nenhuma razão aparente desliguei o som do carro em que até aquele momento ouvia músicas orquestradas, olhei para o céu e comecei a imaginar uma peça de teatro que tratasse sobre o drama dos viciados em substâncias psicotrópicas. Foi o último registro que fiz. Em seguida num Frenesi que nunca experimentei, até hoje... O poema "Conversa com Deus" saiu absolutamente pronto, sem a necessidade de quaisquer correções. Confesso que ainda me é estranho entender como um jovem Anderson de 13 anos escreveu isso. Se fosse psicografado ou estado ímpar de iluminação, não sei dizer. Só sei que até hoje sinto-me honrado e privilegiado em escrito estes versos.

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"Conheça todas as teorias, domine as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." - Gustav Jung