Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

domingo, 14 de agosto de 2011

Despertar



O sono de Alline estava ótimo, pelo menos antes das más notícias baterem a porta. Primeiro sentiu uma tristeza imensa ao descobrir o padecimento da roseira favorita em virtude do ataque de uma praga de formigas. Aquilo merecia uma providência, não deixaria sua linda flor morrer, por isso, aconselhada pela vizinha que era prima da namorada do moço que tinha uma rosa que teve um problema parecido, foi ao mercado comprar um formicida.
Cautelosa, perguntou a vendedora se aquela substância poderia de alguma forma afetar a saúde da amada planta. E esta, assegurou que não. Deu absoluta certeza quanto ao caráter inofensivo.
Com o veneno nas mãos, assim que chegou em casa administrou o veneno. A rosa, que estava triste, murcha, secou mais ainda e morreu.
Alline estranhou. Curiosa e sentindo um nó na garganta, pegou o frasco da substância e leu no rótulo um aviso: “NÃO ACONSELHÁVEL PARA ROSEIRAS”. Após a leitura vieram suspiros, uma, duas, três gotas de lágrimas, e por fim, um berreiro que acordou a irmã Vanessa do seu paradisíaco sono.
Como se não bastasse, quando a filha caçula de Alline correu para confortar a mãe assim que ouviu o berreiro, percebeu uma lagartixa imóvel ao lado do frasco do formicida, e ao cutucar a graciosa bichinha, viu que se tratava de um ex ser vivo, e também berrou: “A SENHORA MATOU MINHA LAGARTIXA!”. Acompanhando a mãe na sinfonia do choro.
Vencida pelo barulho que ecoava na casa, Vanessa largou o sono e levantou da cama.




--------------------------
Comentário:

Há alguns anos atrás, coisa de década, ouvi uma senhora falar para minha mãe que a filhinha que à época contava pouco mais de quatro anos, tinha feito um escândalo, chorando por horas, depois de encontrar uma lagartixa morta. Aquilo me comoveu. O amor que as crianças têm pela natureza e todos os seus filhos é fascinante. Como seria bom se a maioria de nós não perdesse isso com o passar dos anos. Esta crônica foi escrita em homenagem a todas as crianças que guardamos em nosso íntimo.




Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog.Não consegui participar do seu site. verifique o q esta acontecendo com seu link. abraços maria dudah

    ResponderExcluir

"Conheça todas as teorias, domine as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." - Gustav Jung