Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Paz no Trânsito X Exercício da Cidadania



O dicionário diz que cidadania é o ato de exercer os direitos e deveres políticos de um estado. Já o artigo número cinco da constituição, diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”.  Quanto ao trânsito, o Código de Trânsito Brasileiro, logo no primeiro e segundo parágrafo do artigo primeiro, considera como “trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”. Enfatizando que tal utilização “em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotarem as medidas destinadas a assegurar esse direito”. Será que precisa ser especialista para visualizar que na prática isso não acontece?

O condutor voraz, irresponsável, como por exemplo, aquele que tem o costume de dirigir após o consumo de bebida alcoólica, na maioria das vezes, extermina de uma vez só, boa parte destes itens mencionados no artigo cinco... Isso mesmo! Quantos, por causa de um condutor bêbedo, tiveram a vida castrada? Quantos tiveram a vida ceifada no auge da juventude? Sem falar naqueles que, amputados, tem seus projetos absolutamente modificados, vivendo sob dependência dos outros. A certeza de mobilidade segura e intacta, nas ruas e avenidas, é a materialização da cidadania. Ao menos na prática deveria ser assim.

Infelizmente, todos sabemos que estes conceitos não condizem com o dia-a-dia. Basta sairmos às ruas para constatarmos que perante a lei nem todos são iguais (que o diga o recém atropelamento de um ciclista por um bilionário em alta velocidade num carro importado), e por mais que as famílias que vivem sem teto reclamem moradia, educação e saúde, não são ouvidas pela maioria dos líderes políticos, pois boa parte destes não entendem que elas tenham direito algum, portanto não são constituídas de cidadania. E assim, da mesma forma, quer seja como pedestre ou condutores são tratadas de forma vergonhosamente diferenciada.

Mas isso não é culpa dos que acumulam centenas de pontos na CNH e continuam praticando inúmeras infrações confiando-se nos seis dígitos da conta bancária, também é culpa do cidadão que deveria parar de reclamar, reclamar, reclamar e ao invés disso, “fazer a hora, não esperar acontecer”, portar-se como um morador da Polis grega que se reunia sempre nas ágoras (praças) para discutir os problemas da comunidade.
É claro que os tempos são outros, o mundo já não é mais o mesmo e o número de habitantes em cada cidade, hoje, é gigantesco! Mesmo assim, o comportamento de outrora ainda dever servir de referência, pois se seguirmos a parte do Evangelho “Amai o próximo como a si mesmo.” Estaremos exercendo a cidadania.
Se a cidadania fosse exercitada, seria um grande passo para vislumbrarmos nas ruas um pedestre com uma efetiva preferência durante a sua movimentação, e um sentimento, sem preço, de segurança, pois haveria a certeza que o motorista se preocuparia com os outros cidadãos que usam a via, deixando a visão super egoísta dos tempos modernos de que o que importa, é chegar a tempo no destino a qualquer custo, e o mundo ao redor que se...




Um outro artigo da constituição, o número três, diz: “A República Federativa do Brasil tem como objetivo construir uma sociedade livre, justa, solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza, a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de discriminação”. Trata-se de uma pista de como podemos proceder para exercer a cidadania no trânsito, afinal precisamos, o quanto antes, abandonar a visão paternalista de que cabe ao estado resolver todos os problemas. O verdadeiro cidadão estuda, se conscientiza e usas seus conhecimentos para transformar e fazer acontecer.

O ideal, é que um dia cheguemos ao ponto de não mais precisarmos elaborar campanhas publicitárias que acontecem no período de 18 a 25 de setembro a cada ano, para estimular o exercício da cidadania, mas principalmente, que o mesmo aconteça de forma natural. Porém isso só será possível quando enxergarmos o próximo como, por exemplo, MARTIN BUBER:

Nenhum dos contatos que se dão a cada momento é indigno de aprender tudo o que for possível sobre o nosso ser, pois nenhum homem é desprovido de força de expressão e nosso voltar-se a ele produz uma resposta, por mais imperceptível que seja: num olhar, num som, vindos da alma, que se possam talvez na mera interioridade, mas que, assim mesmo existem.”, ou seja, se conscientizar que todos viemos do mesmo pó, que somos iguais, que exercendo a cidadania, na feira, na escola, no trânsito, estamos ajudando a nós mesmos.

Vamos combinar? Vamos adotar novas posturas nas vias da nossa cidade? Como? Que tal mesmo estando com muita pressa dar preferência ao pedestre, especialmente em trechos como a Avenida Hermes Fontes ou na Av. Adélia Franco? Ou na Rua Geru, no Centro da cidade? Ou em caso de colisão evitar discussão, e antes de avaliar prejuízos materiais se certificar que todos os envolvidos estão bem, e se não estiverem, providenciar imediatamente socorro? (Reconheço que essa recomendação parece lógica, para não dizer redundante, mas por incrível que pareça, há pouco mais de um mês, vi o que à primeira vista parecia uma colisão, mas na realidade tratava-se de um atropelamento que tinha acabado de acontecer. Vi um semicírculo de curiosos e dois homens discutindo de forma calorosa. Perguntei do que se tratava e fui informado que tinha ocorrido um atropelamento, perguntei pela vítima e um dos que estavam discutindo disse: - O atropelado está bem... Naquele instante intervi e informei que somente um médico poderia informar se a vítima estava bem ou não, que eles deveriam parar a discussão e providenciar o imediato socorro da mesma. - Teve um que ainda perguntou: E o meu prejuízo?... Respondi que dano material era questão para se ver depois, já que a vida do cidadão estava em primeiro lugar... - Uma vez que tinha caído a ficha, os dois condutores encaminharam-se para um posto de saúde). E já que estamos falando de cidadania e educação no trânsito, que tal pararmos de dirigir à noite ofuscando a visão dos condutores com farol alto? (O motorista Sergipano adooora farol alto, coisa triste!) Ou, circularmos sem promover poluição sonora com som alto, guarde “EU QUERO THU, EU QUERO TCHA” para seus ouvidos seletivos, pois som alto só aumenta o estresse, e isso também lhe prejudica. Noutras palavras: Em termos de cidadania e educação no trânsito, pequenos gestos fazem muita diferença! E esta responsabilidade, é de todos nós.


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