Trata-se de uma espécie de "Menu Cultural" do que o escritor vem produzindo no campo da poesia,conto, crônica,roteiro de cinema e TV,peça de teatro, e recentemente: novelas on-line. Além de compartilhamento de pensamentos e troca de experiências com todos aqueles que de alguma forma colaboram com a cultura sergipana.

terça-feira, 10 de maio de 2011

A Casa



A possibilidade de casamento existia há muito tempo. Um conheceu a família do outro, ambos se informaram sobre os podres que só os parentes mais próximos e amigos de infância conhecem. Mesmo assim, um pôs o simbólico anel no dedo do outro. Tudo estava perfeito. Os dois tinham onde cair morto, o só faltava a casa, afinal de contas, “quem casa quer casa” e não poderia ser uma qualquer. 

O noivo não fazia exigências, o que sua amada decidisse estava decidido e pronto. Entretanto, para a moça, uma coisa era imprescindível: A casa escolhida deveria situar-se próxima ao trabalho dela. Há algo pior do que começar o dia num engarrafamento ou num ônibus super lotado? 

Ela queria morar num lugar onde pudesse ir ao trabalho sem precisar ofender a mãe de nenhum motorista ou perder a paciência procurando vaga no estacionamento; onde pudesse ir a pé, até preferia, pois achava muito inspirador.

A procura durou três anos. Não que ela não tivesse encontrado nenhuma, é que sempre o noivo punha defeito em alguma coisa: "É muito quente, pequena, não gosto da cor..." Assim, o tão sonhado casamento era protelado, cansando-a. 

Um dia, enquanto saboreava um belo cachimbo a avó da noiva ouviu sua neta comentar a tristeza que sentia por não encontrar a casa perfeita, e falou: "Minha filha, você vai encontrar a casa perfeita, seu noivo está lhe enrolando. O problema é que ele mora com a mãe e mais doze irmãos e está com medo de você sair para trabalhar, e deixá-lo sozinho." A neta não levou aquela opinião a sério, apenas sorriu dizendo: "A senhora tem cada idéia!" Contudo, aquilo não entrou por um ouvido e saiu noutro, ao contrário, fez eco em sua alma.

Com o tempo outras casas e outras desculpas surgiram, até acharem a melhor de todas: grande, próxima e linda. Mas ele não quis. Aquilo foi demais pra ela, então começaram a discutir, e no auge da discussão ela gritou: "Você está é com medo de eu ir trabalhar e ficar sozinho nesta casa enorme!" Chorando, o noivo confessou. Porém, não foi motivo pra terminarem o noivado: O AMOR ERA MAIOR DO QUE A CASA.

Depois de soluços, beijos e abraços resolveram marcar a data do casamento e decidiram que cada um iria continuar morando em seu respectivo lar. Ela sozinha, e o noivo continuaria com a extensa família.

Casaram, se amaram, e foram felizes para sempre até a mudança de um vizinho bonito, independente, sarado e que não tinha medo ficar sozinho.


4 comentários:

  1. A-mei! A-mei! A-mei! Vizinhos bonitos, corajosos e com iniciativa, se liguem!! KKKK

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  2. VC SEMPRE SE SUPERANDO CARO AMIGO.ISSO ALÉM DE INTELECTUALIDADE É UM DOM.BJXS E PARÁBENS!
    EMILIA !

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  3. Muito lindo amigo.
    parábens por seu dom!

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"Conheça todas as teorias, domine as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." - Gustav Jung